segunda-feira, 22 de junho de 2009

Teatro


Eis o ultimo ensaio. Agora é coisa séria.
Não há tempo para pensar nas falas! Tens de as soltar naturalmente.
Olhos baços, coração inquebrável e faz-te de mouco, de cego. Não olhes para a plateia, a assustadora plateia, pronta para te aplaudir ingratamente, desonestamente. Apaga-os, ignora apenas todos os sussurros e crueldades que te tentam chegar aos ouvidos. Sou só eu quem te presta atenção.
Consigo seguir com os lábios mudos as tuas deixas e imitar todos os teus gestos.
És tu quem brilha com mais força no meio de todos aqueles corpos bem treinados, trabalhados e disfarçados...continua.




E agora..tempo de fechar as cortinas.
Corro para o camarim enublado pelo pó de arroz que tantas vezes que me mascarou…não há sinal de ti.
Faz poucos minutos que se deu fim á ultima cena.
Começam a destruir os cenários, a desmontar as luzes.
Fujo lá para fora e sento-me nas escadas do auditório. Interrogo a noite, talvez ela saiba onde te terás metido e por fim, desisto. Atravesso a rua sem fim, de mãos nos bolsos, onde apanho um retalho de papel.
“Sarrabiscaste-o”, confiante, frio e curto:

“Vitória, vitória, acabou-se a história”.


Culpa minha, por sempre te ter visto como um grande actor.
Quanto ao final feliz..hei-de procurá-lo sozinha.

2 comentários:

  1. Terás o teu final feliz, acredita. Tu mereces, mais do que ninguém. Mas não estarás sozinha. Porque eu, de uma maneira ou de outra, ei-de arranjar um jeito de te acompanhar para sempre.

    aishiteru.

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  2. Ás vezes queremo que as coisas sejam mais reais, sem actores, sem farsas. Acredito que todos um dia iremos experimentar sentimentos verdadeiros e bem remunerados. Tu és linda e eu adoro-te.
    Don´t forget it!

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